Estudantes coreanos consideram que aulas de inglês são “inúteis”


Sete entre dez alunos do ensino médio na Coreia estão insatisfeitos com as aulas de inglês nas escolas, de acordo com uma pesquisa divulgada na última quarta-feira. A pesquisa, que foi publicada na última edição do jornal do Instituto de Educação Coreana da Universidade Chung-Angrevelou uma grande discordância entre o que os estudantes querem aprender e o que é ensinado.
Foram entrevistados 990 alunos do fundamental e do ensino médio em Seul. Dentre eles, 67,5% acreditam que as aulas são muito focadas em gramática e nas provas, esquecendo outros aspectos como pronúncia. 44,1% acreditam que a conversação é a parte mais importante da educação em inglês e apenas 18,5% acreditam que a gramática é a mais importante, seguida de vocabulário, a escuta, a leitura e por fim a escrita.
É esperado que essa insatisfação se prolongue, já que as secretarias regionais de educação decidiram reduzir os números de professores que falam nativamente o inglês nesse ano. A Secretaria de Educação da Região Metropolitana de Incheon cortou seu orçamento para contratação de professores que ensinem sua língua mãe em 5.4 bilhões (cerca de R$14 milhões), a Secretaria de Educação da Província Norte de Chungcheong reduziu o número de professores de 308 para 113 e a Secretária de Educação Metropolitana de Daegu reduziu de 443 para 323.
O problema de se focarem em habilidades impraticáveis se prolonga por décadas, entretanto, como a seção de inglês do Teste Anual de Aptidão para Universidades (CSAT) não avalia a habilidade de escrever ou falar dos alunos, a maneira de ensinar inglês nas escolas mudou muito pouco. “De fato, muitos professores das escolas públicas estão despreparados para ensinar escrita e conversação”, disse um professor que se recusou a ser identificado, “então eles se focam nos métodos antigos.”
Reconhecendo o problema, a administração de Lee MyungBak tentou substituir a seção de Inglês do teste com uma outra que avaliava não apenas a leitura e capacidade de ouvir, mas também a fala e a escrita – o Teste Nacional de Habilidade em Inglês (NEAT) - mas o governo decidiu abolir o plano, citando estar preocupado com o fato de que isso poderia aumentar o custo dos cursos privados.
Alguns críticos dizem que o NEAT estava destinado a falhar já que são poucos os professores com capacidade de ensinar a escrita e a conversação e apontam que o atual sistema de ensino, onde os professores de escola pública mal são treinados novamente e suas performances são raramente avaliadas, deixam a educação da língua inglesa, no país, impraticável e não competitiva.
Um exemplo disso é que um tribunal sentenciou um professor de inglês de 55 anos, que trabalhou em uma escola de Seul por quase 20 anos, a sair da escola. A decisão depois que a escola o demitiu por incompetência, dizendo que ele fez seu primeiro TOEIC (Test of English for Internation Communication ou Teste de Inglês para Comunicação International) em 2011 e conseguiu apenas 415 pontos, quando o máximo é 990.
Todo o sistema vem demonstrando que os professores de inglês são mal avaliados no sistema atual. Isso vem gerando animosidade entre os alunos, que não conseguem ver utilidade nas aulas de inglês que falham em ensinar o principal de uma língua: a comunicação.
Fonte: Korea Times/Sarangingayo

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